Blockchain e o futuro implacável do trabalho na era da automação
automação, blockchain, robôs6 de August de 2024
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As novas tecnologias de automação já estão alterando ou eliminando quase todo tipo de trabalho e a blockchain pode ajudar a tornar os robôs mais confiáveis
Como uma criança nerd, construí meu primeiro “robô” quando tinha dez anos de idade. Eu o criei com tubos de montar e um carro de controle remoto.
Minha inspiração deve ter sido os desenhos animados, porque só conheci o Data, androide de Star Trek: The Next Generation, quando fiquei mais velho.
Pois personagens de ficção científica tão poderosos quanto o Data estão se tornando uma realidade, confirmando os temores de muitos neo-ludistas (ou tecnofóbicos) acerca de RPA (robotic process automation ou automação robótica de processos), AI (artificial intelligence ou inteligência artificial) e outras tecnologias de automação.
Apesar dessas preocupações, a adoção de tecnologias de automação, especialmente RPA, continuou a acelerar durante a pandemia do COVID-19.
Um artigo recente do Gartner estimou que 90% das grandes empresas terão implementado RPA até o final de 2022. Além disso, ele previu que essas empresas triplicarão a capacidade de sua infraestrutura para RPA até 2024.
Outro sinal significativo dessa tendência é que a UiPath levantou mais de US$ 1 bilhão com sua oferta pública de ações (ou IPO, na sigla em inglês) em abril. A Automation Anywhere também planeja lançar um IPO ainda esse ano. Ambas as empresas participam do programa de parceria da Oracle.
Robôs: um caminho sem volta no mundo do trabalho
Várias personalidades influentes – como o empreendedor, advogado e político Andrew Yang, o futurista e escritor Martin Ford e o intelectual, historiador e professor Yuval Noah Harari – debatem o impacto das tecnologias de automação nos empregos, inclusive os de colarinho branco (white-collar).
Em seu novo livro “Futureproof: 9 Rules for Humans in the Age of Automation” (indisponível em português), o escritor e colunista do The New York Times, Kevin Roose, diz que “temos o dever moral de lutar pelas pessoas, em vez de simplesmente lutar contra as máquinas”.
Além disso, Roose destaca que “não importa o quanto você trabalhe, você não pode trabalhar mais que um algoritmo. Se tentar, não apenas perderá, mas sacrificará suas vantagens humanas únicas no processo”.
Outra referência essencial sobre como lidar com tecnologias de automação vem da escritora e pesquisadora Janelle Shane.
No livro “You Look Like a Thing and I Love You” (indisponível em português), Shane aponta que “os robôs precisam de ajuda para não resolverem o problema errado, quebrarem coisas ou tomarem atalhos para produzir ‘soluções brilhantes’ que são estúpidas”.
Treine robôs para serem confiáveis com blockchain
Já que não podemos evitar os robôs, que pelo menos eles sejam seguros. Por isso, meu papel é ajudar as empresas a projetarem robôs de assistência humana para assumirem com confiabilidade as tarefas mecânicas e repetitivas.
Uma pesquisa recente da KPMG revelou que apenas 28% das pessoas confiam em robôs. Porém, mais de 90% delas disseram que mudariam a sua visão com padrões mais seguros e transparentes de automação.
Para isso, temos à disposição uma solução inovadora: o desenvolvimento de “dBots” (decentralized robots ou robôs descentralizados) com tecnologia blockchain.
Os fabricantes de robôs podem combinar aplicativos de negócios líderes de mercado, como Oracle HCM Cloud; serviços de AI, como Oracle Digital Assistant; plataformas RPA, como UiPath ou Automation Anywhere; redes descentralizadas de oráculos, como Chainlink; e blockchains, como Ethereum.
Diferentemente dos robôs tradicionais, os descentralizados usam dados à prova de violação (tamper-proof) que são “periciados” por contratos inteligentes. Esses dBots registram suas decisões em DLTs (distributed ledgers ou livros-caixa distribuídos) que os próprios robôs não podem manipular.
Dessa forma, os dBots oferecem melhores garantias para os tomadores de decisão humanos, que podem temer as consequências de implementações de automação fracassadas ou prematuras.
Afinal, como diz Roose, “se um exército de chimpanzés destrói o escritório, metaforicamente falando, ninguém fica bravo com os chimpanzés”. Ou seja: por mais que haja automação, no fim do dia a responsabilidade sempre recai sobre nós, seres humanos.
Próximos passos
Diante desse cenário irreversível, o melhor então que podemos fazer daqui para a frente é concentrar nossas energias em melhorar a qualidade dos robôs, conectando RPA e AI para torná-los mais inteligentes, e adicionando blockchains para deixá-los mais confiáveis.
Se os robôs vão assumir as nossas tarefas, deixe-os fazer isso com o mesmo pensamento analítico, aprendizado ativo e habilidades complexas de resolução de problemas que nós temos.
Da mesma forma, caso os robôs tomem decisões por nós, nossas famílias ou nossas comunidades, certifique-se de que eles o façam com base em fatos verdadeiros e em conformidade com os melhores padrões éticos.